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Alimento sobe 4,5% no campo e pressiona inflao 6f4331

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30/09/2010 - 09:38
A contribuio dos alimentos para manter a inflao praticamente zerada est com os dias contados. Pela quarta vez seguida, o ndice Quadrissemanal de Preos Recebidos pela Agropecuria Paulista registrou alta. Na terceira quadrissemana deste ms, o ndice subiu 4,52%, aps ter aumentado 2,3% e 3,2% na segunda e terceira quadrissemanas, respectivamente. O ndice de preos ao produtor, apurado pelo Instituto de Economia Agrcola (IEA), um indicador antecedente do comportamento dos preos ao consumidor. "Os preos ao produtor dos alimentos bsicos sinalizam um novo ciclo de alta da inflao dos alimentos no varejo", afirma o pesquisador do IEA, Jos Sidnei Gonalves. Diante desse novo cenrio para os alimentos, Bernardo Wjuniski, economista da Tendncias Consultoria, projeta que o ndice de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro atinja 0,40%. Deste total, os alimentos respondero por 0,16 ponto porcentual. "Pressionada pelos alimentos, a inflao vir forte at o fim do ano", alerta Wjuniski. Ele projeta um IPCA mdio de 0,45% ao ms em outubro, novembro e dezembro, com o grupo alimentao subido 0,70% a cada ms. No campo. Dos 20 preos de produtos agropecurios pesquisados no campo na terceira quadrissemana deste ms, 16 subiram e s 4 recuaram, aponta o ndice do IEA. Gonalves diz que, ao contrrio de outras fases de elevao de preos agropecurios, como em fevereiro e maio deste ano, a alta desta vez generalizada, o que indica que o efeito ser prolongado. J nas outras ocasies, os aumentos de preos foram de maior intensidade, mas pontuais e s a trs ou quatro produtos. Entre os alimentos bsicos que mais subiram na terceira quadrissemana deste ms ao produtor est o feijo, com alta de 22,82%, seguido pela laranja de mesa (20,68%), frango (13,92%), carne bovina (7,40%) e arroz (2%). Milho, soja, trigo e algodo tambm apresentaram altas expressivas no perodo, de 17,51%, 5%, 19,35% e 27,19%, respectivamente. Para Gonalves, do IEA, uma conjugao negativa de fatores explica a elevao de preos. Ele aponta, por exemplo, a seca que afetou a produo de gros como soja, milho e trigo no exterior, o que impulsionou os preos desses gros nos mercados futuros. "Houve seca na Austrlia, Rssia e Ucrnia e a nova estimativa dos Estados Unidos de reduo na produtividade do milho, apesar da safra recorde, impulsionaram os preos no mercado internacional e criaram expectativa no mercado financeiro de aposta na alta dos alimentos no mercado futuro." Alm dos problemas climticos, o pesquisador do IEA ressalta que a forte demanda interna por alimentos, fruto do crescimento do emprego e da renda, d sustentao para que os preos se mantenham em nveis elevados. De toda forma, Gonalves observa que esse ganho de renda no est indo para o bolso do produtor. "Quando o preo est bom, geralmente o agricultor no tem mais o produto, que est na mo do atacadista." Segundo Wjuniski, da Tendncias, a escalada dos preos agropecurios poderia ter impacto inflacionrio maior, caso o real no tivesse to valorizado em relao ao dlar como est hoje. Fonte: O Estado de So Paulo. 29 de setembro de 2010.