Com isso, espera no desestimular a produo em 2011 e agravar a alta dos preos com uma possvel escassez de gros no futuro.
Com a gangorra dos preos dos alimentos e o temor da volta da inflao, o governo tem agido nas duas pontas para buscar o equilbrio. De um lado, anunciou hoje que interferir no mercado no final deste ms para aumentar o preo pago ao produtor pelo arroz e o trigo. Com isso, espera no desestimular a produo em 2011 e agravar a alta dos preos com uma possvel escassez de gros no futuro. De outro, tem vendido estoques de milho e concedido subsdios para evitar que os pecuaristas e fabricantes de rao tenham seus custos elevados e pressionem ainda mais a inflao em itens que j esto disparando, como a carne, por exemplo.
No comeo do segundo semestre do ano ado, o Ministrio da Agricultura ajudou a sustentar os preos do milho que estavam em trajetria de queda por conta da safra robusta do meio do ano. ado esse perodo de normalizao do abastecimento, os preos voltaram a subir. Mesmo no tendo faltado produto no mercado, quem tinha milho em mos no se desfazia do gro prevendo elevao dos preos.
Foi exatamente isso o que aconteceu. A partir da, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estatal comandada pela Agricultura, comeou a se desfazer dos estoques e a oferecer subsdios. O processo ainda continua, com nfase para as regies Norte e Nordeste, que so mais distantes do principal plo produtor do gro, o Centro-Oeste. "Estes leiles so para conter a alta. Estamos buscando o equilbrio, como sempre", disse o ministro da Agricultura, Wagner Rossi.
Hoje, Rossi acertou com os representantes dos produtores de arroz que far leiles para garantir o pagamento mnimo estipulado aos rizicultores, j que, no mercado, a cotao praticada est inferior ao valor de R$25,80 por saca de 50 quilos. Afetados com as chuvas h exatamente um ano, os produtores do Rio Grande do Sul sofrem agora com a falta de interesse das indstrias pelo cereal. “Com isso, esperamos que o mercado se regularize e atinja um preo de equilbrio”, disse Rossi. De acordo com o ministro, o resultado da operao ser monitorado pelo ministrio e, se houver necessidade, outras medidas sero tomadas em “ocasio oportuna”.
Enxugar gelo
Para o economista da Tendncias Consultoria Integrada especialista em inflao, Thiago Curado, compreensvel a tentativa de equilbrio dos preos por parte do governo, principalmente aps o papel preponderante dos alimentos na inflao do ano ado. “Houve um choque interno de oferta e entendo que o governo tende a querer interferir para buscar algum resultado”, comentou, lembrando que os preos agrcolas superaram os 20% de alta em 2010.
A questo, segundo ele, que grande parte dessa elevao fruto de uma mudana estrutural mundial, que aumentou o patamar de preos das commodities no mercado internacional. “Pode ser que o governo consiga algum impacto, mas os preos vo continuar pressionados, com aumento das compras por vrios pases, como a China”, considerou. “Esse mercado muito integrado. No adianta governo ficar na marra, pois enxugar gelo com essa presso externa muito forte”, acrescentou.
Fonte: Agncia Estado. 11 de janeiro de 2011.