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Acordo do algodo com EUA corre risco 21u63

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17/02/2011 - 09:40
Deputado quer interromper pagamento de compensaes para produtores brasileiros. SO PAULO - Est em risco o acordo selado entre Brasil e Estados Unidos na "disputa do algodo". O acordo compensa o Brasil pelos subsdios americanos aos seus produtores de algodo e evita uma retaliao milionria do Pas contra produtos vindos dos EUA. O problema ocorre s vsperas da visita do presidente Barack Obama ao Pas em maro. O deputado Ron Kind, de Wisconsin, est tentando incluir uma emenda no oramento dos Estados Unidos para eliminar os pagamentos concedidos ao Brasil. Os EUA custeiam um fundo de US$ 147 milhes por ano recebido pelo Instituto de Algodo do Brasil, uma entidade privada que financia pesquisas que ajudam no desenvolvimento da cultura do algodo no Pas. A compensao um dos pilares centrais de um acordo selado entre os dois pases. O Brasil venceu uma disputa contra os EUA na Organizao Mundial de Comrcio (OMC). O xerife do comrcio mundial considerou ilegais os subsdios americanos aos seus produtores de algodo. Os Estados Unidos se recusaram a retirar os subsdios e a OMC autorizou o Brasil a aplicar uma retaliao de US$ 829 milhes contra os americanos, elevando tarifas de importao e quebrando patentes. Aps extensas negociaes, o Brasil aceitou suspender a retaliao at 2012. Em troca, os EUA comearam a pagar o fundo e alteraram parcialmente alguns subsdios. A Cmara dos Deputados dos Estados Unidos iniciou ontem a votao de um novo projeto de oramento, fundamental para permitir que o Executivo americano continue funcionando entre 4 de maro e 30 de setembro, quando termina o ano fiscal. Se for aprovado na Cmara, o projeto ainda vai ar pelo Senado. O argumento do deputado que no faz sentido pagar o fundo para os agricultores brasileiros em poca de ajuste fiscal. Segundo analistas sediados em Washington, a emenda de Kind tem chances de ser aprovada, porque existe um apelo por corte de despesas nos Estados Unidos por causa da crise. Em uma audincia no Congresso, o deputado j havia cobrado o chefe do Escritrio Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em ingls), Ron Kirk, sobre o assunto. Ele disse que os EUA no podem continuar "subsidiando" os agricultores brasileiros. Para resolver o problema, Kind defendeu o fim do apoio aos cotonicultores americanos. Retaliao O governo brasileiro est acompanhando o assunto com ateno. "Se a emenda ar e os pagamentos forem interrompidos, juridicamente o acordo perde o valor. O governo brasileiro dever ento retomar a discusso sobre a retaliao", afirmou ao Estado o embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo. Ele liderou a equipe brasileira na negociao do acordo com os americanos. A Associao Brasileira dos Produtores de Algodo (Abrapa), que istra o Instituto de Algodo do Brasil, tambm est acompanhando as discusses no Congresso americano, mas preferiu no se pronunciar. Para Pedro de Camargo Neto, especialista em comrcio exterior e um dos mentores do processo do algodo movido pelo Brasil na OMC, o fundo de compensao aos cotonicultores brasileiros deixou um "holofote" sobre os subsdios agrcolas americanos. Os subsdios incomodam uma parcela da opinio pblica. "A reao do deputado um reflexo desse holofote. Est na hora de o Brasil pressionar pelo fim dos subsdios agrcola em todos os fruns, inclusive na Rodada Doha", disse Camargo Neto. Segundo uma fonte do governo brasileiro, at positivo que o assunto reaparea na visita de Obama, porque forar uma discusso "no mais alto nvel". Fonte: O Estado de So Paulo. Por Raquel Landim. 16 de fevereiro de 2011