O alívio das preocupações com a economia da União Europeia após a vitória nas eleições de domingo do partido conservador na Grécia (favorável à permanência do país na zona do euro e às medidas de austeridade impostas pelo bloco) produziu efeitos positivos na bolsa de Chicago, referência mundial para os preços dos grãos. 2i2w1r
Os contratos da soja com vencimento em agosto (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) fecharam ontem com ganhos de 13,25 centavos, a US$13,7025 por bushel. "O cenário macro foi importante para não limitar os ganhos, mas o que ainda fala mais alto é o clima nos Estados Unidos", diz Priscila Pereira, especialista no mercado de grãos da XP Investimentos.
Chuvas que caíram sobre o Meio-Oeste dos EUA no fim de semana não foram suficientes para aplacar a seca que desafia o cultivo na região. "As temperaturas elevadas devem continuar nos próximos dias", diz Priscila.
O tempo quente e seco vem diminuindo a qualidade das lavouras americanas de soja. Segundo dados divulgados ontem pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), 56% das plantações tinham níveis bons ou excelentes na semana terminada em 17 de junho, ante 60% na semana anterior e 68% um ano atrás.
A umidade reduzida, contudo, traz mais riscos às lavouras de milho, que se aproximam da fase de polinização nos EUA - período em que qualquer problema climático pode causar danos irreparáveis à produção. "Até porque, plantado mais cedo que o normal, o milho pode sofrer mais que a soja".
Segundo o USDA, 63% das lavouras de milho apresentavam condições boas ou excelentes até 17 de junho, ante 66% da semana anterior e 70% em 2011. Os papéis do grão para setembro foram influenciados pelos temores com o clima e subiram 27,50 centavos, a US$5,37 por bushel.
O trigo também disparou em Chicago. Setembro subiu 21,75 centavos e fecharam a US$6,4850 por libra-peso. "Acredito que essa alta refletiu mais o bom humor com o cenário financeiro do que alguma nova informação do lado dos fundamentos", diz Bruno Martin, consultor da INTL FC Stone.
Segundo ele, há seca na China, mas o trigo é uma planta resistente. "Por isso, vejo notícias sobre o clima com uma dose de cautela, acho que ainda é cedo para determinar qualquer perda do cereal". (Colaborou Fernanda Pressinott)
Fonte: Valor Econômico. Por Mariana Caetano. 19 de junho de 2012.
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