Uma das chamadas mais frequentes do noticiário agro dos últimos dias é a exportação de milho. Os embarques acelerados chamam a atenção, pois, nos primeiros 8 dias úteis de fevereiro, já foram exportados mais do que todo fevereiro/2022. 4n6a42
Por outro lado, mesmo com dados mais difusos devido à extensão do nosso país, temos questionado internamente sobre a demanda interna. Em nossa opinião, esta está mais morna do que o comum.
Em levantamentos com agentes do mercado físico, granjas, indústrias de alimentos e outros, a percepção é que o susto com a guerra da Ucrânia e a disparada de preços dos fertilizantes, desde o primeiro semestre de 2022, ligou um alerta aos consumidores do cereal.
Isto fez com que, na medida em que a safrinha era colhida, os estoques foram reforçados com a intenção de evitar alguma situação de escassez ou desconforto no momento de garantir a matéria-prima para a sua atividade.
Olhando para a dinâmica atual do mercado físico, temos que lembrar que tivemos o janeiro mais chuvoso dos últimos 16 anos. Isto é ótimo para a condição de água do solo, desenvolvimento das lavouras, mas também tem reflexos no gatilho inicial e no andamento da colheita.
De acordo com a Conab (13/2), cerca de 11% da área total da safra verão havia sido colhida até a semana anterior. Sendo que o Rio Grande do Sul colheu 40%, Santa Catarina ao redor de 20%, Paraná com 6%, São Paulo e Minas Gerais na lanterna com 2% colhido. Ou seja, esses 11% colhidos até o momento representam um atraso de 37 pontos percentuais frente ao mesmo período do ano anterior.
Estamos atentos a essa concentração do volume do cereal chegando ao mercado nos próximos dias, combinado com o cenário de alívio do padrão de La Niña na região Sul do Brasil/Argentina e também ao monitoramento da gripe aviária que assola os países vizinhos do Brasil, como Argentina e Uruguai.
Lembrando que as ferramentas de proteção de preço não se aplicam apenas ao boi gordo, com a liquidez e o tamanho do mercado do milho, essa modalidade cada vez mais faz sentido, seja para o produtor ou para o consumidor.
Tabela 1.
Mercado futuro do boi gordo na B3 - R$/@, à vista.
Fonte: Cepea/Esalq - B3
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