Foto: Pixabay 1w4e1g
Em 10/4, a Conab divulgou seu quarto boletim de safras de 2025, elevando a estimativa de produção de algodão em caroço da safra 24/25 para 9,4 milhões de toneladas - 164,8 mil toneladas a mais do que o estimado no último boletim (março) e 5,1% acima da safra anterior (8,9 milhões de toneladas).
Caso a produção se confirme, teremos um recorde.
A produção de algodão em pluma e caroço está estimada em 3,9 e 5,5 milhões de toneladas, respectivamente, com rendimento de 41,5% - ou seja, a cada 100 kg de algodão em caroço, obtêm-se 41,5 kg de pluma e 58,5 kg de caroço. Os rendimentos registrados no último e no atual ciclo são os mais altos da história.
Esta safra registra a maior área cultivada em anos, conforme mostra a figura 1 - são 2,1 milhões de hectares, área que não era cultivada desde 1989.
Figura 1.
Evolução da área cultivada e da produção de algodão em pluma no Brasil (milhões de hectares e toneladas, respectivamente).
Fonte: Conab / Elaboração: Scot Consultoria
Destaca-se a forte expansão a partir de 2017. Desde então, a área semeada praticamente dobrou, ando de 939,1 mil hectares para 2,1 milhões de hectares - alta de 123,6%. No mesmo período, a produção saltou de 1,5 milhão para cerca de 3,9 milhões de toneladas, um avanço de 160%. O avanço da produção foi maior do que o de área, ou seja, a produtividade também aumentou.
O Brasil apresenta potencial de ganhar mais espaço no mercado internacional. Atualmente, respondemos por 14,1% da produção global de pluma e 30,5% das exportações mundiais. Já os EUA, principal concorrente, produzem 11,9% do algodão global e representam 25,8% das exportações.
Por lá, a semeadura da safra começou e está 11% concluída, em linha com a média dos últimos cinco anos e com o ano ado. O USDA projeta uma área de 4 milhões de hectares e produção de 3,1 milhões de toneladas de algodão em pluma - uma das menores áreas em anos, como mostra a figura 2.
Figura 2.
Evolução da área cultivada e da produção de algodão em pluma nos Estados Unidos da América (milhões de hectares e toneladas, respectivamente).
Fonte: USDA / Elaboração: Scot Consultoria
Chama atenção a discrepância entre os gráficos: enquanto a produção brasileira frequentemente supera as barras azuis, a dos norte-americanos raramente alcança esse nível. Isso se explica pela produtividade brasileira, maior que a deles - o Brasil produz o dobro de algodão por hectare em comparação com as lavouras dos Estados Unidos.
Outro ponto relevante é a inflexão a partir de meados de 2018, quando área e produção am a cair - movimento oposto ao registrado no Brasil no mesmo período.
A figura 3 mostra a relação entre o uso doméstico mundial, as exportações globais e as exportações dos Estados Unidos e do Brasil. Enquanto o consumo interno global e as exportações mundiais seguem estáveis, as exportações norte-americanas recuam e as brasileiras avançam.
Figura 3.
Consumo doméstico global (azul), exportações mundiais (laranja), exportações dos Estados Unidos (cinza) e exportações brasileiras (amarelo) de algodão em pluma, em milhões de toneladas.
*Projeções.
Fonte: Conab, USDA, Secex / Elaboração: Scot Consultoria
Nesse contexto, o Brasil está não apenas assumindo o lugar dos Estados Unidos no mercado internacional do algodão, mas também consolidando-se como uma potência global na produção e exportação da fibra.
A competitividade brasileira é reforçada por custos de produção mais baixos, investimentos em tecnologia e aproveitamento eficiente das safras, com o cultivo de algodão como segunda cultura após a soja. Enquanto isso, os produtores norte-americanos enfrentam custos elevados e políticas agrícolas menos favoráveis.
Com essa dinâmica, o Brasil se afirma como "celeiro do mundo", e desponta como o "tecelão do mundo", abastecendo a indústria têxtil global com algodão de alta qualidade. Diante disso, seria o Brasil o novo epicentro da indústria têxtil mundial, enquanto os Estados Unidos reavaliam seu papel nesse cenário em transformação?
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