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Embora a área destinada à produção de cana-de-açúcar na safra 2024/25 tenha crescido 5,2% em relação ao ciclo anterior, a produção caiu 5,1%, totalizando 676,9 milhões de toneladas.
Ainda assim, este volume é o segundo maior na série histórica da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Figura 1.
Evolução da produção de cana-de-açúcar (mil toneladas - eixo esquerdo) e da área plantada (mil ha - eixo direito) nas últimas safras.
Fonte: Conab/ Elaboração: Scot Consultoria.
A queda na produção é consequência das adversidades climáticas enfrentadas ao longo do ciclo produtivo. Baixos volumes de chuva e temperaturas elevadas, especialmente na região Sudeste - principal polo canavieiro do país, comprometeram o desenvolvimento das lavouras. Além disso, as queimadas em 2024 agravaram o cenário, segundo a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar e Bioenergia), os incêndios atingiram 230 mil hectares de cana em São Paulo.
A produtividade média das lavouras foi de 77,2 t/ha, retração de 9,8% frente à safra 2023/24.
Nas regiões Norte e Nordeste, a produção caiu 3,3%, somando 58,4 milhões de toneladas. A área colhida foi de 947,1 mil hectares, um crescimento de 1,6% frente à safra 2023/24. A produtividade caiu 4,9%, ficando em 61,6 t/ha.
No Centro-Sul, a queda na produção foi de 5,2%, totalizando 618,5 milhões de toneladas. A área colhida cresceu 5,6%, atingindo 7,8 milhões de hectares, mas a produtividade caiu 10,3%, estimada em 79,1 t/há.
No Sudeste, região responsável por aproximadamente 64,9% da produção nacional, a queda da produção foi de 6,3%, somando 439,6 milhões de toneladas. Apesar do aumento de 7,5% na área colhida, que alcançou 5,4 milhões de hectares, a produtividade caiu 12,8%, estimada em 80,1 t/ha.
A expansão das áreas destinadas à produção de cana-de-açúcar não foi suficiente para compensar a queda na produtividade.
A produção de açúcar na safra 2024/25 foi afetada pela menor produção de cana em relação ao ciclo anterior, que foi recorde.
O volume produzido foi de 44,1 milhões de toneladas - uma queda de 3,4% frente à safra ada, a segunda maior na série histórica.
Esse desempenho se deve a um mix de produção voltado ao açúcar nas unidades sucroenergéticas, impulsionado pela vantagem competitiva de preços frente ao etanol, o que levou à priorização da fabricação de açúcar.
Figura 2.
Evolução da produção de açúcar no Brasil (mil toneladas).
Fonte: Conab/ Elaboração: Scot Consultoria.
A cotação do açúcar oscilou ao longo do ciclo, motivada por mudanças de mercado.
Figura 3.
Preço médio mensal da saca com 50kg de açúcar cristal em São Paulo, em R$/saca, com impostos, sem frete.
Fonte: Cepea ESALQ/USP/ Elaboração: Scot Consultoria.
Considerando o ano safra do Sudeste, que vai de abril a março, os primeiros meses do período foram marcados por queda nos preços. Historicamente, os preços costumam cair após abril, influenciados pelo fim da safra, que naturalmente traz uma maior oferta de matéria-prima. Adicionalmente, a produção da safra 2023/24 foi recorde, o que intensificou esse cenário.
A partir de meados de agosto, as cotações começaram a reagir, sustentadas por uma demanda aquecida e pelas primeiras previsões de uma safra menor que a anterior. Além disso, as queimadas já haviam começado, o que aumentou a insegurança no mercado, gerando incertezas sobre a oferta de matéria-prima, o que acentuou a pressão de alta sobre os preços.
No terço final do ciclo, embora a expectativa de uma safra menor à anterior ainda estivessem presentes, o cenário mudou, a produção de açúcar não mostrava uma redução expressiva. Isso resultou em um enfraquecimento da demanda, com compradores esperando preços mais atrativos para negócios, o que pressionou as cotações.
A produção total de etanol na safra 2024/25 apresentou queda de 1,1% em relação ao ciclo anterior, resultado também da menor disponibilidade de matéria-prima e da continuidade do direcionamento mais expressivo da cana-de-açúcar para a fabricação de açúcar, em detrimento do biocombustível.
Contudo, mesmo com a redução do volume total de etanol, a produção foi relevante, somando aproximadamente 29,4 bilhões de litros, considerando as formas hidratada e anidra.
Figura 4.
Produção de etanol de cana de açúcar nas últimas safras (hidratado e anidro) - mil/l.
Fonte: Conab/ Elaboração: Scot Consultoria.
A diminuição da produção de cana, e o aumento do volume destinado à produção de açúcar, fez com que a cotação do combustível, subisse na maior parte do ciclo.
Além disso, a demanda pelo etanol tanto no mercado interno quanto no externo, permaneceu firme durante todo o período, estimulado pelos incentivos ao biocombustível e ao preço competitivo em relação aos combustíveis fósseis.
Figura 5.
Preço médio mensal do etanol hidratado, em São Paulo, na usina, em R$/litro, sem frete e impostos.
Fonte: Cepea - ESALQ/USP/ Elaboração: Scot Consultoria.
O Brasil reforçou a posição de maior fornecedor global de açúcar, mantendo os embarques em níveis expressivos na safra 2024/25. O volume exportado foi semelhante ao ciclo anterior, totalizando 35,1 milhões de toneladas.
No mercado de etanol, a exportação foi de 1,75 bilhão de litros na safra 2024/25, volume 31% menor frente ao embarcado no ciclo 2023/24 (Conab).
Para a safra 2025/26, que começou em abril, a expectativa é de um início difícil, devido às chuvas abaixo da média no primeiro trimestre, período crítico para o desenvolvimento das plantas, o que pode afetar a produtividade.
Referencias:
CEPEA. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Disponível em: https://www.cepea.org.br/br. o em: 25 abr. 2025.
CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. 4º Levantamento – Safra 2024/25 de Cana-de-Açúcar. Disponível em: https://www.gov.br/conab/pt-br/atuacao/informacoes-agropecuarias/safras/safra-de-cana-de-acucar/arquivos-boletins/4o-levantamento-safra-2024-25/4o-levantamento-safra-2024-25. o em: 25 abr. 2025.
UNICA. União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Incêndios atingiram 230 mil hectares de cana em SP. Disponível em: https://unica.com.br/noticias/incendios-atingiram-230-mil-hectares-de-cana-em-sp/. o em: 25 abr. 2025.
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