ECR - “O boi como unidade de negócio: o avanço da gestão pecuária com controle” 256c6a

Na edição de 2025 do Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, a busca por inovação e eficiência na pecuária esteve em evidência. Em meio a trocas de experiências e aprendizados práticos, Antonio Chaker, do Instituto Inttegra, foi um dos palestrantes presentes. Chaker compartilhou as perspectivas sobre como transformar a pecuária em um negócio sólido e sustentável. Abordando temas como análise por quartis, ganho médio diário, liderança de equipes e a importância da cultura de gestão nas propriedades.

Participante: Quando você analisa por quartil um lote, e aquele quartil inferior é separado, acaba se tornando um potencial cabeceira. Você identifica e separa os que estão no pior cenário. O que é feito de diferente para aumentar o ganho médio diário desse lote ou não há nada que seja feito de diferente nesse contexto?

Antonio Chaker: A principal diferença – e a essencial – é a própria apartação. Os bovinos são animais gregários, têm comportamento, existem lideranças. Às vezes, aquela dominância dentro do lote impede uma série de comportamentos que potencializariam o ganho.

Então, você tirando esses animais, essa reorganização normalmente faz com que os demais, por si só, tenham mais o à água, estejam mais calmos, tenham mais o ao cocho e assim por diante. Se houver necessidade de uma maior potencialização para atingir uma determinada meta, você pode até atualizar o regime, o programa nutricional e o manejo de pastagem.

Mas, geralmente, a apartação por si só já é uma grande transformação no lote.

Participante: Por que a adesão à prática de identificar e pesar os animais hoje ainda é baixa no Brasil, na sua opinião? E qual a frequência que seria ideal para inserir uma fazenda que pretende implementar a ferramenta no seu sistema de produção?

Antonio Chaker: Não é só a ausência da identificação e pesagem individual dos animais, infelizmente, muitas fazendas não têm acompanhamento sequer da chuva ou das despesas e assim por diante. Então, existe uma mudança cultural onde a fazenda, em alguns casos, não é tratada como um negócio.

Devemos lembrar também que a medição serve para a tomada de decisão. Eu preciso medir para saber se estou dentro ou fora do planejado. E, se eu não tenho um planejamento, não faz sentido eu medir.

Exemplificando, pense comigo, se o camarada não está fazendo regime, não está cuidando da saúde, por que ele vai ficar se pesando? Provavelmente, está com o pé na jaca. Agora, as pessoas vão à nutricionista, começam a fazer uma nova dieta, e você vai ver essa pessoa interessada no seu peso.

É a mesma coisa na fazenda. Quem não tem meta, dificilmente vai ter um bom programa de acompanhamento de resultados.

Participante: Dizem que líderes cuidam de pessoas e as pessoas geram resultados. Na sua opinião, isso realmente acontece na prática? Como identificar alguns pontos primordiais em líderes dentro da equipe?

Antonio Chaker: Cuidar de pessoas é garantir que elas tenham o seu melhor desempenho, sendo felizes. É gente feliz batendo meta.

Então, no final das contas, não dá para separar a liderança do resultado, para não ser um líder complacente, aquele líder bonzinho que tudo pode. Não é por aí que as coisas acontecem. Identificar a liderança acontece quando você percebe as pessoas assumindo responsabilidade, pessoas se preocupando com as outras e pessoas que perceberam que nós somos diferentes uns dos outros.

O líder precisa saber liderar os diferentes, se conectar com os diferentes. Então, obviamente, observando quem assume a responsabilidade, ou seja, para de reclamar. Quem consegue conectar as pessoas entre si é uma pessoa com alto potencial, mas, principalmente, é lembrar que a liderança não tem ligação com um dom; não se nasce líder, tem justamente a vontade de se tornar líder.

E aí a pessoa pode aprender, então descobrir quem tem vontade e investir nessas pessoas que provavelmente vai dar certo.

Assista, na íntegra, a entrevista com Antônio Chaker, direto do Encontro de Confinamento e Recriadores de 2025.