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A agricultura brasileira em seu sistema produtivo a por diversos desafios, dentre eles estão as pragas.
De modo geral, as pragas são seres vivos capazes de causar danos às plantas, seus produtos e subprodutos. Podem ser microrganismos (fungos, bactérias, nematoides, vírus), plantas daninhas ou insetos e podem causar 40% de perdas nas lavouras.
Nesse contexto, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) tem sido bastante eficaz no combate à essas ameaças fitossanitárias e promoção da sustentabilidade da produção agrícola.
O MIP é uma estratégia de tomada de decisões onde se leva em conta não somente o controle da praga e o lucro, mas também custos e benefícios a longo prazo para o ambiente, ao produtor e a sociedade.
Podemos considerar o MIP como sendo a construção de uma casa (figura 1). O alicerce (decisões de manejo) é formado pelas condições do ambiente observado (agroecossistema), do nível de controle das pragas, do monitoramento e de informações taxonômicas da praga (espécie), sua biologia e ecologia.
Já os pilares dessa estrutura são os tipos de controle que podemos usar, sendo: controle cultural, controle biológico, controle comportamental, controle genético, controle varietal e controle químico.
Figura 1.
Alicerce e pilares do Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Elaboração: Scot Consultoria
A decisão para o melhor manejo para a praga presente na lavoura a pela adoção de parâmetros de avaliação que devem ser baseadas nas seguintes atividades que compõem o alicerce do MIP.
• Condições do ambiente
Conhecimento da lavoura e informações sobre o histórico da área. Determinar o estádio fenológico da cultura, aspectos nutricionais da planta, fatores climáticos, principais pragas que potencialmente podem ser prejudiciais no momento e a presença de inimigos naturais.
• Níveis de controle
É importante saber o nível de controle (NC), avaliação que antecede o nível de dano econômico (NDE). Dessa forma, ao fazer a amostragem no campo, por exemplo, se o número de insetos for igual ou superior ao NC, é necessária a adoção de medidas de controle, para evitar que a densidade populacional atinja o nível de dano econômico.
• Monitoramento
Realizar amostragens e comparativos para a tomada de decisão é fundamental.
Identificação da praga na lavoura e todo seu ciclo de vida. Para assim, definir a melhor estratégia de controle.
• Controle cultural
Táticas preventivas que visam prevenir a introdução, estabelecimento e/ou disseminação de pragas.
Consiste em práticas como a rotação de cultura, uso de coberturas verdes ou até mesmo a destruição de restos de cultura anterior, além da escolha da época de plantio e colheita conforme as condições, utilização de poda, controle da adubação e irrigação, plantio direto e outros sistemas de cultivo.
• Controle biológico
Consiste na preservação dos inimigos naturais dentro da lavoura e da utilização do controle biológico, uma técnica que representa no controle de pragas e os insetos transmissores de doenças através do uso de seus inimigos naturais, que são insetos benéficos, parasitoides, predadores e microrganismos, como bactérias, fungos e vírus.
Os produtos biológicos são ferramentas importantes para ampliar o leque dos produtores no manejo integrado de pragas e doenças (MIP). Eles somam com alternativas já existentes e requerem cuidados e observância de boas práticas para não provocar resistência de insetos.
• Controle comportamental
Consiste nas táticas de usos de armadilhas, hormônios, feromônios, repelentes, atraentes e macho estéril, ou seja, produtos que farão alteração no comportamento da praga. Estudando e conhecendo o inseto, é possível usar métodos para a captura de determinadas pragas.
• Controle genético
Consiste na tática da manipulação genética dos insetos com o principal objetivo de reduzir o potencial reprodutivo das mesmas, ou seja, são feitas liberações contínuas de insetos modificados para que não produzam descendentes ao realizarem a cópula, como a Técnica do Inseto Estéril (TIE).
• Controle varietal
Utilização de variedades de plantas geneticamente modificadas ou resistentes à insetos, como as variedades transgênicas que expressam proteínas inseticidas Bt (Bacillus thuringiensis).
Entretanto, para que sua eficácia seja alcançada a utilização de boas práticas agronômicas para manejo das culturas Bt é de extrema importância. Para que, dessa forma, o risco de que insetos resistentes à essa tecnologia sejam selecionados é reduzido.
• Controle químico
Consiste na utilização de defensivos agrícolas, que controlem as pragas, mantendo vivos os inimigos naturais. No entanto, para evitar a resistência e esses produtos, deve-se também a prestar atenção na utilização de boas práticas agronômicas como a rotação de princípios ativos e modos de ação desses produtos.
O manejo integrado de pragas tem apresentado táticas que visam um maior e melhor controle das pragas que afetam as lavouras brasileiras.
Essas táticas e manejos buscam maior sustentabilidade ao sistema agrícola, atuando diretamente na redução de danos/perdas e redução de gastos que um produtor pode ter em sua lavoura.
Portanto, o uso do manejo integrado de pragas pode, e vem, auxiliar os produtores a ter cada dia mais uma agricultura sustentável e lucrativa em toda a cadeia.
Com a colaboração de Tais Sacheto, engenheira agrônoma.
BOAS PRÁTICAS AGRONÔMICAS. Manejo Integrado de Pragas: essencial para a sustentabilidade da produção. Disponível em: Manejo integrado de pragas
MARASSATTO, C. Manejo integrado de pragas (MIP). Disponível em: Manejo Integrado de Pragas (MIP)
CENAGRI JÚNIOR. Os pilares do manejo integrado de pragas. Disponível: Os Pilares do Manejo Integrado de Pragas
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